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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Grafite

Eu me desenhei na parede Eu e todos os meus problemas E passei a tarde toda ali Rabiscando o cimento de preto Lembrando do que me assombra Lembrando o que me da medo E também do que eu tenho saudade Porque ela mata devagar Da minha cabeça saiam perguntas Pras quais não encontrei respostas E por mais que eu tentasse com força O sorriso não saia direito Então desenhei vinte anos Imprimindo o que havia sido Naquela parede de casa Sem janela pra entrar luz solar E sentado ali no defronte Da história da minha vida Cansado, desesperançoso Em grafite tão desmotivado Eu olhei finalmente pros lados E vi outras paredes em branco Ansiosas pra um novo começo De um dia ainda não rabiscado.

Inferno astral

A cabeça dói e Deve ser culpa dos astros Fiquei sabendo que esse mês Não é bom para o meu ego Alguns falam que é Marte Que desencontrou com a lua Não é possível que esse horóscopo Cuide tanto da minha vida Quando nem eu tenho tempo Muito menos energia De olhar pros meus problemas. O espaço me inferniza.

Credor ou Epitáfio

Eu devia ter te contado como eu me sentia e esperado um pouco mais Eu devia ter chorado quando você partiu pra não chorar agora Eu devia ter falado que ia sentir falta de tudo que me preenchia Eu devia ter mandando você embora Eu devia ter negado te dar um pouco do que eu guardei Eu devia ter pedido pra você ficar Eu devia ter ficado quieto quando não era relevante Eu devia ter escutado quando só devia escutar Eu devia não ter seguido e nem obedecido suas imposições Eu devia ter me afastado daqueles que não me faziam bem Eu devia ter guardado o meu sentimento pra outros amigos Eu devia ter coragem de fazer o que eu sempre quis fazer Eu devia ter me dado mais chances Eu devia ter saído do carro e corrido atrás de você Mesmo que fosse pra falar verdades e não te beijar Ou pra te beijar verdades que hoje me fazem lembrar E me arrepender pensando no que eu devia ter feito até hoje e não fiz Eu devia apenas aceitar e deixar tudo pra trás Mas eu cansei de controlar e esque

Enfim

Eu não tive forças pra mudar Aquilo que ja era decidido Caiu por aqui um muro de Berlim Enquanto eu era da Oriental E entro nesse mundo novo Com olhos de antigamente Vendo e revendo as minhas memórias Em cada ruína do que já foi lar. Na sala de estar ainda sobram as minas Dos tempos de guerra de outrora Nao sobreviveram os rios Dos quais eu bebi minhas forças Em meio as destroços encontro uma foto Daquilo que éramos nós ainda ontem Um dia um império invencível E agora Uns restos que choram saudades De um amor Inconcebível. Eu choro o fim de nós Decreto o fim de mim.

Azia

Dirigi pela madrugada procurando você fumando um cigarro velho pra tentar lembrar de como era quente o peito e a cabeça tranquila me pergunto se o tempo apaga as memórias da gente e os filmes de um dia onde tudo era bom eu nem sei se vivi isso tudo de fato ou se é fantasia, imaginação dirigi feito louco atrás de um momento que por bem ou por mal sei que agora passou minha melancolia me encoraja a sair da estrada de chão, voar o matagal e o meu para-choque encontrar residência se fundir com a terra antes nem explorada e quem sabe assim alterar tempo-espaço se eu voltasse atrás pela força do impacto eu faria de novo quase tudo que fiz guardaria apenas um lugar no estômago pra digerir seu amor que me faz infeliz.

Rua de estrelas

O caminhar foi rápido perigoso borrado que só e eu não via a esquina O passo corrido e os olhos doídos miragem ou não eu voltava de longe Não era meu dia  não era minha casa por ela, menina, andei uma milha As mãos tão suadas de tanto pensar  resgatar o clima na mente pulsante a rua era longa e as luzes brilhavam de um jeito que iam do barro do chão subindo o horizonte repousar no céu dar volta por cima e me iluminar Eu olho pros lados meus olhos desfocam  o mundo real na rua de estrelas  só lembro da gente e pra segurança  meu peito não guia só leva de volta ao caminho teu é feito refém da sua magia. 

O suco do resto

Eu admito que morri e em minha cova encontrei afago, diria que  até estava acomodado Com as minhas sóbrias maldições minhas escolhas pessoais as quais,  se eu pudesse retroagir faria, sem precisar voltar atrás E caminhei pra imensidão escura, e não tranquila essa caminho é turvo e cinza e a sabedoria é pote de ouro utopia E foi ali, no meu rastejo na imensidão do meu silêncio na água preta que encobria que eu finalmente comecei a entender meu auto-conhecimento finalmente comecei a crer que eu era vida e não só vivo.