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Mostrando postagens de agosto, 2013

Tranca afiada

Sua cabeça aberta é aberta demais e a fechadura não fecha nas horas que deveria Sua cabeça aberta ficou exposta ao vento pegou fungo nos miolos já consigo ver os ovos Fecha, fecha isso antes que o homem do lado perceba toda abertura e mude a tua postura Se é pra ser escancarado prefiro ser cabeça dura e manter essas minhocas bem longe da minha cachola

Artefato

Faz de mim um artefato raro pendurado na sua parede Que se mostra quando tem visita e decora o lado preferido mas que esquece em dias de chuva e encobre com qualquer pingente encostado do lado do peito com poeira sobre a engrenagem em sua casa feita de brinquedo.

Em uma relação com o sono.

Eu queria ter a coragem de falar com quem não tenho coragem de ser quem eu não tenho coragem de dizer o que eu não tenho coragem. mas ter coragem exige esforço demasiado e eu tenho sono muito sono.

Inverno

O pior é olhar para fora ver verão esquentar minha janela colorir as sacadas distintas dos casebres que habitam a rua E pensar que assim como planta esse sol já me foi alimento hoje chove um rio aqui dentro e escorre a moldura entalhada. Desafio toda essa logia que analisa os nuances do tempo a entender claro comportamento que habita a janela pra fora É possível ser dia de sol no retrato que traz movimento e chover um dilúvio intenso nos cômodos aqui de casa?

O dever-ser.

Do assento de onde te olho eu imito teus gestos de longe e enceno minha vida em teu corpo pra saber se teria a coragem de acordar com o peso do mundo pendurado e largado nos ombros de aguentar as derrotas constantes e as vitórias em mundos distantes. As verrugas tomando o espaço ocupando a imagem de outrora mitigando os sonhos de ontem e "as preces que nos desapontem, já rompi com essa nossa senhora" o suor dando as margens da face o cansaço que não vai embora Eu queria pegar em punhados esses pesos que tens em seus dedos levantar com a força de um jovem e quem sabe servir de acalento ao fazer algum sonho possível, estampar nosso nome em um pódio por alguma vitória invisível Mas me vejo em camisa de força e percebo a minha impotência me recolho e me encontro sozinho no entolho de minha existência e entendo que era ingênuo "ó maldita e insana inocência"  te dar tão almejado sustento é tirar tudo que me sustenta. Obrigado.