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Nudez

Numa terça qualquer acordo desnudo de todas as vestes que até aqui vesti sem minhas bagagens nem meus compromissos nem minhas tatuagens estarão aqui Desnudo do tempo minha grande batalha das marcas na carne dos pés de galinha pelado, despido um índio na selva desnudo de tudo  que eu construí Então eu levanto e preparo o café coado, amargo salobro, insosso daqueles que acordam quem nunca viveu que trazem um pouco  do mundo no gosto E saio a rua ainda desnudo agora não mais dessa tribo vestida distante do plano ciente de tudo achando ridícula a nudez contida.

O profeta do desastre

Um tanto quanto distante daqui mas perto nos tempos de outrora tem uma cidadezinha que por coincidência ou imprudência minha dei o nome de Vitória Me falha um pouco a memória mas em cores do passado vejo a cidadezinha que por coincidência ou imprudência minha habitava o desabitado E no centro do meio do nada uma pérola em tempos de outrora Vitória, ali cravejada pulsava em seu ar sufocante carregado de terra barrosa um peso desconcertante É que nas manhã de seus domingos mais calmos que os já calmos domingos uma homem, magro como a fome do qual não me lembro o nome mas nunca esqueci a face armava seu estandarte E nele ficava de pé olhando para o horizonte durante uns 30 minutos sem pressa e sem plateia ouvia o som do silêncio organizava ideias Até que como em compêndio em suntuoso discurso sua voz estridente em formato de repente anunciava suas virtudes seu dotes tão absurdos "Eu sou o novo profeta e daqui do meio do mundo prevejo os no