O profeta do desastre

Um tanto quanto
distante daqui
mas perto nos tempos de outrora
tem uma cidadezinha
que por coincidência
ou imprudência minha
dei o nome de Vitória

Me falha um pouco a memória
mas em cores do passado
vejo a cidadezinha
que por coincidência
ou imprudência minha
habitava o desabitado

E no centro do meio do nada
uma pérola em tempos de outrora
Vitória, ali cravejada
pulsava em seu ar sufocante
carregado de terra barrosa
um peso desconcertante

É que nas manhã de seus domingos
mais calmos que os já calmos domingos
uma homem, magro como a fome
do qual não me lembro o nome
mas nunca esqueci a face
armava seu estandarte

E nele ficava de pé
olhando para o horizonte
durante uns 30 minutos
sem pressa e sem plateia
ouvia o som do silêncio
organizava ideias

Até que como em compêndio
em suntuoso discurso
sua voz estridente
em formato de repente
anunciava suas virtudes
seu dotes tão absurdos

"Eu sou o novo profeta
e daqui do meio do mundo
prevejo os novos desastres
desta terra cor de Marte
do ocidente ao oriente
anuncio todos os rumos

A guerra, a morte, a queda
a bomba que destrói nova iorque
a peste que come as colheitas
saída de nossas saídas
o extermínio dos povos
e a mentira do arrebatamento"

E assim como veio a praça
o profeta do desastre
desmonta a sua banqueta
sorri, pronto pra começar de novo
até o mundo entrar em colapso,
e confirmar seu chamamento.




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