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Mostrando postagens de maio, 2015

Noir

Acordar no meio da noite já tinha virado rotina. Passar a noite inteira na varanda fumando um cigarro também. Era engraçado como em certa hora da madrugada a ponta vermelha do maldito era a única luz que habitava seu campo de visão, a única coisa que podia ser vista de longe, como um vagalume em alguma noite escura de alguma floresta escura por aí. Sua esposa dormia o vigésimo sono, despreocupada dos problemas os quais o preocupavam. Afinal, de muitos deles ela nem sabia, como ele meticulosamente havia planejado que acontecesse. Era homem, e fora ensinado desde cedo que era dele o fardo, a sina de carregar o título de resolvedor de problemas, provedor da casa, pilar mais forte. Papel que ele tentava cumprir com extrema maestria. Tanta maestria que não aguentava mais acordar a noite e não fumar. "Uma válvula de escape" pensava ele, "Lícita, moralmente aceita", se justificava. Cada tragada de fumaça escaldante que adentrava seus pulmões, invadindo seus brônquios e ca

Vocação

Enquanto eu te contava Quem era, imaginava E se eu fosse um pouco mais Pra ser aquilo que um dia Você pensou que eu era E então se apaixonou Por pouco não se enganou Sobre as virtudes que eu tinha. Não sou só decepção Pros outros, fora de casa Sou fruto de uma ilusão Criada aqui nesse meio A abraço, sem perceber Com enorme distinção Que talvez minha vocação Seja mesmo o não ser.

Aos costumes e à moral.

A noiva impura de branco puro.

Haikai da Infidelidade

Seus olhos desmentem o que mentem seus lábios.