Poesia de varanda

Caiu um prédio lá em são paulo pra ser muito honesto, eu não me preocupei muito a tv de hoje em dia só anuncia desgraça e eles pintam tanta mentira de verdade que sei la, talvez nem tenha prédio talvez nem exista são paulo. Me dói pensar que ali tivesse gente gente de verdade, e não essa gente que finge que existe que finge que se comove eu mesmo nem sei se ainda sou gente eu nem me comovo tanto faz anos que eu não choro, que eu não grito que eu não corro. Aqui na sala do trabalho no terceiro andar da avenida da praia fazem vinte e três graus temperatura ideal pra conservar a carne morta que se tornou minha existência pelo menos por mais um tempo pelo menos por mais uns anos. E se um dia eu for a são paulo acho que vou nos escombros desse edifício que caiu dizem que era bonito, tombado quem sabe ali eu encontre não um memorial gringo mas um pouco de alma pra preencher o espaço que sobra e dar função social a esse imóvel vazio que eu tenho me tornado.