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Mostrando postagens de setembro, 2019

Temporada de caça

Insano o som do chicote estrala no ar eu fecho os olhos pra ver se me lembro de um tempo bom e busco em lembranças no som do estalinho de são joão encontro na infância um lugar seguro pra me transportar. Abro os olhos e tem um rapaz ajoelhado com as mãos amarradas atrás de seu torso despido de alma seu corpo escuro escorre o vermelho todo recortado enquanto o açoite desenha motivos no corpo e no ar A cena dantesca animalesca me põe em náuseas o som iterado define o compasso do meu desespero a realidade embaça em vertigem e o meu apelo é pelo cessar dos semitons em gargalhadas É um novo tempo dos homens de ontem e seus capuzes não há mais armários nem becos escuros pras suas verdades são de Hamurabi as suas leis e suas espadas E está aberta a temporada de caça.

Eu amargurava

como um tambor meu coração pulsava em ritmo lento o som que saía nunca agradou ouvido de ninguém como um pulsar o coração que eu tinha era pequeno e denso e o que atraia quase que atrofia o meu sentimento. porque era baixo e sintonizado na estação perigo a dor do peito tocando as notas travadas em dó e quem as ouvia logo se evadia por asfixia eu lhes torturava eu lhes enjaulava eu amargurava.