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Com fusão

Eu entendo não entender de tudo isso que me cerca um pouco como entendo que completo todo esse quebra cabeça louco Em que cada peça é vida colorida de momento desenhando minha face no chão do quarto que me encontro. Mas parece estagnar rodeado de paredes o quarto, vira mundo e o mundo se faz mais longe das peças jogadas ali que descolorem com o tempo e eu paro de entender e esqueço de completar isso que me preenche.

Tranca afiada

Sua cabeça aberta é aberta demais e a fechadura não fecha nas horas que deveria Sua cabeça aberta ficou exposta ao vento pegou fungo nos miolos já consigo ver os ovos Fecha, fecha isso antes que o homem do lado perceba toda abertura e mude a tua postura Se é pra ser escancarado prefiro ser cabeça dura e manter essas minhocas bem longe da minha cachola

Artefato

Faz de mim um artefato raro pendurado na sua parede Que se mostra quando tem visita e decora o lado preferido mas que esquece em dias de chuva e encobre com qualquer pingente encostado do lado do peito com poeira sobre a engrenagem em sua casa feita de brinquedo.

Em uma relação com o sono.

Eu queria ter a coragem de falar com quem não tenho coragem de ser quem eu não tenho coragem de dizer o que eu não tenho coragem. mas ter coragem exige esforço demasiado e eu tenho sono muito sono.

Inverno

O pior é olhar para fora ver verão esquentar minha janela colorir as sacadas distintas dos casebres que habitam a rua E pensar que assim como planta esse sol já me foi alimento hoje chove um rio aqui dentro e escorre a moldura entalhada. Desafio toda essa logia que analisa os nuances do tempo a entender claro comportamento que habita a janela pra fora É possível ser dia de sol no retrato que traz movimento e chover um dilúvio intenso nos cômodos aqui de casa?

O dever-ser.

Do assento de onde te olho eu imito teus gestos de longe e enceno minha vida em teu corpo pra saber se teria a coragem de acordar com o peso do mundo pendurado e largado nos ombros de aguentar as derrotas constantes e as vitórias em mundos distantes. As verrugas tomando o espaço ocupando a imagem de outrora mitigando os sonhos de ontem e "as preces que nos desapontem, já rompi com essa nossa senhora" o suor dando as margens da face o cansaço que não vai embora Eu queria pegar em punhados esses pesos que tens em seus dedos levantar com a força de um jovem e quem sabe servir de acalento ao fazer algum sonho possível, estampar nosso nome em um pódio por alguma vitória invisível Mas me vejo em camisa de força e percebo a minha impotência me recolho e me encontro sozinho no entolho de minha existência e entendo que era ingênuo "ó maldita e insana inocência"  te dar tão almejado sustento é tirar tudo que me sustenta. Obrigado.

Divino Fulano

Me rasgar em pedaços talvez resolvesse jogaria fora a parte desse mal que me acomete porque trabalhos e preces me devem horas e dinheiro me devem noites a fio e vigílias no terreiro da esquina a capela todos me devem promessas não pagas e não desculpadas onde será que eu reclamo do trabalho desse santo? das entidades bohemias que vivem de fama alheia? onde será que eu escrevo "entidade caloteira"?

a intenção

E os outros que reclamem das poesias que eu faço que entendo, só eu mesmo, entrelinhas no compasso mas indago e repenso que as palavras do meus traço são poesias de mim mesmo transmitidas pelo espaço. sou o texto que vem lendo e se nem eu me entendo hei dos males o veneno que se infiltra pelo braço e acaba sentimento.

Inconcretude conclusiva

E se todos os nossos fins se tornassem meios seria o inicio do fim ou o fim do meio? Seriamos nós simplesmente o fim de nós mesmos? Ou apenas um modo de encontramos um fim nos meios?

outono

E o tempo então passava lento as folhas caíam a chuva caía eu caía na sombra desse sono intenso

Unidos da vila de dentro

Abram alas pro meu bloco bambo que sai do peito ao som do tamborim E no chorinho encontra descanso e faz bonito em roupa de cetim O tempo passa vem chegando a hora em formação pro ato principal Mestre tristeza comanda a escola se faz silêncio no meu carnaval.

Crônicas do Eleutério

Nesse deserto de areia eu imploro a gratidão divina O sol queimando a testa. A pele em carne viva. A mente com os pés no passado Do futuro já nem sei mais A água pinga no fundo da imaginação. A erupção de ódio do carro sem gasolina cenário maldito apocalíptico. Continuo minha procissão solitária em busca de sombra de gente de vida.

O gril(t)o.

O mútuo me muda me torna um mudo mutante em mundo aonde sem muro o tudo é mutuo O mútuo me tira o mundo de antes mutante sem rumo com tudo distante contudo sou mudo falante.

D es(x)istência.

O seu silêncio lilás Invade meu escudo destroçando minhas defesas E sua vontade tenaz Me usurpa o orgulho pichando os muros Certezas incertas como a flecha que vai matar a alma do herói e esbarra no roteiro Nessa guerra palavras e bandeiras brancas são sinônimos ou morteiros.

Já não sei mais se a ordem dos fatores não altera o produto...

Nada de novo, tudo de um nada. Tudo ou nada tudo de novo Nada de nada Nada sem tudo Nada sem novo Nada Tudo sem nada Tudo com tudo Tudo de novo Tudo Tudo de nada de tudo é nada. Tudo de mim, é nada. Tudo de nada, sou eu. De novo, no tudo ou nada.