A questão era muito simples, e aliás, nunca pareceu complicado na sua cabeça. Enquanto aquele pensamento pairava em sua consciência, o cigarro queimava os dedos em que repousava. Era o quinto seguido, último do maço daquele dia. O doutor havia mandado parar com essa mania, recomendava mascar chiclete. "Mascar chiclete" balbuciava, "que filho da puta". E então, voltava seu pensamento a questão que vinha lhe incomodando já há algumas horas: o fato de Maria ter lhe deixado sem explicação alguma. A vida tem dessas coisas. Nem tudo é feito pra se entender. E tem coisas que literalmente não são. E ele sabia disso. Mas sempre havia sido tão fácil entender Maria. Maria era um dos seres mais doces que ele já havia conhecido. Mesmo ao lado de um ser repugnante como ele, nunca levantava a voz, nunca o reprimia. Mesmo quando ele religiosamente ofendia tudo que ela, por livre e espontânea vontade, havia escolhido acreditar, ela nunca tinha deixado de olhar pra ele com a mais b
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