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Contagem regressiva

Eu começo o mês torcendo pra ele acabar em contagem regressiva parece que eu e o tempo antes amigos tão próximos hoje somos tão distantes que nem nos acenamos mais ele passa as vezes tão rápido outras vezes, tão devagar só pra me deixar com raiva envergonhado, cabisbaixo. sempre fui um pouco adulto deve ser culpa do signo mas isso tudo que vem junto custo a acostumar o estresse é agenda do dia o salário te escraviza e se vive uma vida ávido por novos começos em contagem regressiva esperando o tempo passar.

Castigo

A música fala de um amor antigo No rádio do carro onde tiro a sesta e o músico logo se torna inimigo trazendo memórias tão logo ingratas Eu sinto o adulterar dos sentidos injusto com ela, injusto comigo e o gosto amargo invade as palavras se antes amor agora castigo.

Loucura modelo

Definitivamente eu estou ficando louco. deixei de ter qualquer amarra com o que me prendia no chão deixei pra trás minhas verdades e o que aprendi na escola e o que meus pais me ensinaram, e esse rumo tortuoso é um caminho sem volta eu não sei se é minha culpa talvez seja minha genética talvez seja ainda possível uma cura, hipotética talvez se eu continuar procurando respirando ou ruminando eu estou ficando louco de tanto acreditar quando eles dizem com tanta convicção que eu estou tão atrasado sempre tão atrasado ou quando eles comentam "olha, você tem que começar a se dedicar mais" aonde, como, não sei eu decido ficar louco se tudo que eu acredito é diferente do tão chamado Homem modelo. Tão fictício Exemplo apenas Da natural (natural?) Resignação.

Decisões

"o sangue podia parar de correr tão de pressa para fora do braço" decido ligar a tv pra ver o que falam do mundo "será que vale a pena morrer ou ainda vale a pena ficar? Se a droga parar de pulsar vou ver a questão com mais calma" Acendo um cigarro na boca celebro um costume amargo ao fim de uma vida vazia.

Floricultura

Seu eu pudesse ia te respirar deixar de lado essa poluição  ia tragar todo o seu perfume  ia viver das notas de floral que acho que você se acostumou  virou cultura, algo trivial Esse jardim no qual você é flor  é o mas lindo que eu já caminhei andei sozinho debaixo do sol nos labirintos do mundo real por muito tempo não acreditei que te encontrar seria natural E num piscar de olhos te perdi no entrelaçar de uma relação é que no meio dessa plantação tem galhos que eu nunca nem percebi espinhos que antes não estavam ali redefinindo o que agora é chão E hoje faz silêncio no quintal o cheiro de floral não sinto mais pra me guiar nessas paredes verdes fico perdido nessa escuridão de um alquimista sem sua criação e um perfume que já não se faz.

Temporada de caça

Insano o som do chicote estrala no ar eu fecho os olhos pra ver se me lembro de um tempo bom e busco em lembranças no som do estalinho de são joão encontro na infância um lugar seguro pra me transportar. Abro os olhos e tem um rapaz ajoelhado com as mãos amarradas atrás de seu torso despido de alma seu corpo escuro escorre o vermelho todo recortado enquanto o açoite desenha motivos no corpo e no ar A cena dantesca animalesca me põe em náuseas o som iterado define o compasso do meu desespero a realidade embaça em vertigem e o meu apelo é pelo cessar dos semitons em gargalhadas É um novo tempo dos homens de ontem e seus capuzes não há mais armários nem becos escuros pras suas verdades são de Hamurabi as suas leis e suas espadas E está aberta a temporada de caça.

Eu amargurava

como um tambor meu coração pulsava em ritmo lento o som que saía nunca agradou ouvido de ninguém como um pulsar o coração que eu tinha era pequeno e denso e o que atraia quase que atrofia o meu sentimento. porque era baixo e sintonizado na estação perigo a dor do peito tocando as notas travadas em dó e quem as ouvia logo se evadia por asfixia eu lhes torturava eu lhes enjaulava eu amargurava.

Previsão

Descansa o óculos no bloco leva as mãos a testa o suor deixa as mãos pegajosas limpa na calça mesmo o dia acabou só não sabe se foi o horário se foi o cansaço se foi a peça ou se foi a notícia de capa que em letras capitais anunciou: a vitória da morte, do medo do mico,  eu minto e troco as letras não se sabe quem ouve quem lê, quem escuta quem categoriza o meu  grito sufocado eu odeio o futuro e o prazer que ele traz de que eu terei certeza que o estrago é um soco no âmago de um sonho do que poderia ter sido. a inércia do retrato da minha janela despreza o nosso destino. 

Hoje a noite eu não dormi

Os barulhos de fora da minha porta me avisam de algo a espreita a luz cintila entre as botas que movimentam o corredor aceso Sussurros, falas em códigos arrepiam a minha cabeça será que chegou minha hora? ou será mero devaneio? O relógio me cobra o sono mas meu corpo me cobra a fuga se eu arquitetar minha saída por essa janela de cima talvez eu ainda tenha uma chance talvez se eu pedir ajuda mas como saber se eu confio naquelas pessoas da rua? De fato, me sinto cercado mas vive o meu questionamento se eu nunca externei pensamento por que eu me sinto acuado? quem são aqueles que decifram as linhas do inconsciente o Grande Irmão me aprisiona com seu dom onisciente? E como criança assustada me encolho embaixo do lençol como se fortificado daqueles que querem meu mal mas sei que de nada adianta paredes, barreiras, distancias se até o silêncio revela que o fim do odioso sistema é o meu habitat natural.