E tem gente que anda por aí sem saber o que está acontecendo, vou dizer o que está acontecendo, tem gente por aí se afogando em sarjeta, na sujeira da cidade sozinha, nos cantos, ao lado do sinal da rua principal. As coisas parecem tão fáceis aqui de cima, onde luz por luz brilha e encanta o olhos dos míopes espectadores, a cidade te encanta, falsa, hipócrita, ela sorri pra você, ela dança pra você igual uma prostituta barata, e sacia os seus mais sombrios desejos, seus mais mórbidos olhares, a cidade te hipnotiza. Mas perdida pelos cantos, a esperança suicida prevalece sufocada na parede dos seus olhos, ela sempre esteve por lá, sem ligar pra quem está certo ou errado, ela reza pra que um dia, você, sim você, perceba que no seu sorriso habita a chance das coisas melhorarem, do salário aumentar, ou de enfim, você poder dar pro seu pai o velho e esperado presente de Natal, prometido tantos anos atrás. E não, obviamente, você não acredita, não acredita em mais nada, objeto cético da soci