Manifesto do acordar

Eu dormi torcendo pro teto cair
e o concreto descansar em meu travesseiro
destroçando e rasgando o que estava ali
finalmente calando essas vozes que assombram
eu não tenho mais calma, não sei mais lidar
com o problemas que os outros me dizem que eu tenho
eu não sei mais viver refém deste sistema
que me obriga a viver/vegetar do seu jeito.

Eu não quero ser médico e nem engenheiro
eu não quero mentir pra ganhar meu sustento
eu não quero fingir pra comer do sem gosto
eu não quero olhar e odiar os meus filhos
toda vez que eu olho a saída de incêndio
eu percebo que eu ando ficando sem tempo
ou aceito a ganância e enfim adoeço
ou decreto um fim nesse meu pesadelo

um arma de fogo contra o meu pensamento
vai fazer um estrago e tanto no teto
pra mandar um recado aos soldados do medo
vou pintar de vermelho
esse amargo
protesto.

Comentários

  1. Se você não estivesse fazendo direito, gostaria de ter feito/estar fazendo o quê?

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    1. Eu não sei se a pergunta se relaciona direto com o conteúdo do texto, ou se somente foi uma dúvida que surgiu devido a esse mesmo conteúdo. Respondendo diretamente a questão: as pessoas sabem da minha insatisfação com o curso que eu faço, mas não é uma questão de ódio também. Já foi, mas ficando mais velho eu comecei a olhar de maneira diferente. Mas eu gosto bastante de Sociologia, Psicologia e também de Letras, naturalmente né? Mas será que o problema aqui é o curso mesmo? Eu acho que não.

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  2. Eu me expressei mal. Não me referia à que curso você faria, e sim ao que faria da vida. Se não tivesse a "obrigação" de fazer faculdade e ser "bem-sucedido", o que faria? Eu, por exemplo, gostaria de sair viajando e conhecendo o mundo, meu sonho é fazer mochilão. haha

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    1. Acho que se eu não tivesse essas obrigações eu queria ser escritor ou músico, ou ambos. Não me vejo fazendo outra coisa num mundo utópico. Mas dá pra viajar o mundo ainda no mundo que a gente vive, é só ter vontade (tempo, disposição, dinheiro).

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  3. A propósito, gostei de saber o que faria. Também me interesso por Sociologia e Psicologia, inclusive já quis ser psicóloga. Mas não teria coragem para Letras, porque apesar de gostar muito de Literatura eu odeio gramática :/

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    1. Hahahaha eu não vejo problema em odiar gramática. Claro, algumas regras são básicas até pra você não fazer feio, mas existe, na minha opinião, uma liberdade ao se escrever. Eu prefiro, e sempre vou preferir, e escrita simples e de fácil entendimento. Eu acho que poesia deve ser acessível, porque senão qual o sentido? Sem querer criticar ninguém, o Brasil hoje tem grandes poetas, mas muitas vezes inacessíveis. Por isso eu escrevo versinhos, fáceis e baratos. Pra todo mundo conseguir entender e se identificar. E eu também.

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